Abelhas receberão sua primeira vacinação contra a doença que as está exterminando. Confira os detalhes!
As abelhas são reconhecidas pelo importante papel que desempenham na natureza, pois são responsáveis pela polinização, que é definida como a transferência do pólen das partes masculinas para as femininas de uma planta. Esta atividade é considerada vital para a reprodução das plantas. Está provado que mais de 90% das plantas com flores precisam da ajuda de algum tipo de polinizador. Considera-se que 2% das espécies de abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 80% das culturas.
Embora a comunidade de abelhas tenha aumentado 65% desde 1961, as abelhas não tiveram a mesma sorte. Bem, são muitos os fatores que estão reduzindo sua população, como a derrubada indiscriminada de árvores, a destruição de seus habitats, o uso de herbicidas e inseticidas. Da mesma forma alguns fatores genéticos próprios e também doenças infecciosas.
O aparecimento de patógenos como bactérias que afetam diretamente suas larvas e conseqüentemente toda a colônia, são uma terrível ameaça à sua existência.
Em meio a essa grave crise, os Estados Unidos aprovaram o uso de uma nova vacina para combater a doença considerada a mais devastadora para esses polinizadores: conhecida como loque americana (AFB). Esta infecção é causada pela bactéria Paenibacillus larvae.
O responsável pela doença AFB das abelhas é a bactéria chamada Paenibacillus larvae. Trata-se de uma bactéria gram-positiva (classificação dada pelo resultado da coloração de Gram), que tem apresentado resistência ao tratamento com antibióticos, o que dificulta todos os tratamentos realizados para erradicá-la. A infecção é considerada devastadora para esses polinizadores porque afeta suas larvas, apesar de as abelhas adultas serem imunes.
O mecanismo de infecção ocorre quando as abelhas operárias alimentam as larvas com alimentos contaminados com esporos de larvas de Paenibacillus. Os esporos vão “germinando” dentro do intestino das larvas, após 12 horas após serem ingeridos, eles rapidamente colonizam e matam as larvas infectadas.
As larvas mortas se decompõem em um líquido marrom, que endurece, forma flocos e contém milhões de novos esporos infectantes. Com isso conclui-se que apenas 10 esporos são suficientes para exterminar uma colônia inteira.
Diante desse problema, surgiu um novo e muito seguro tratamento para combater a bactéria Paenibacillus larvae e não são novos antibióticos. Trata-se de uma vacina inovadora baseada em bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) específicos para combater aquela determinada bactéria. Eles são considerados muito seguros, pois não fazem mal às abelhas nem aos humanos. Eles não podem nem afetar outras espécies de bactérias.
Esses bacteriófagos são conhecidos desde 1950, mas sua aplicação no combate a infecções começou a ser implementada devido ao surgimento de resistência. Os resultados são muito promissores, mais estudos e experimentos são esperados para apoiar sua eficácia.
A vacina funciona de duas maneiras: tem efeito profilático (preventivo) para prevenir o aparecimento da doença e também curativo, pois erradica uma infecção ativa. Esses dois benefícios o tornam um tratamento altamente eficaz.
Este estudo foi publicado na revista Perspectivas de saúde ambiental .