Um estudo pioneiro realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com as universidades federais da Paraíba e do Rio Grande do Sul, desenvolveu uma metodologia capaz de identificar locais com maior risco de inundações em cidades, inclusive as provocadas por chuvas extremas. Para isso, foi combinado modelos de previsão de expansão urbana e mudança do uso do solo e hidrodinâmicos.
Os pesquisadores testaram o modelo com dados da Defesa Civil do município de São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo, considerando a enchente de 10 de março de 2019, quando três pessoas morreram afogadas e diversas ruas da cidade ficaram com quase dois metros de altura de água. São Caetano do Sul foi escolhida por ter passado por eventos extremos de inundações e por ter dados hidrometeorológicos e documentações dos impactos de inundações recentes com acesso público.
Para a modelagem hidrodinâmica, foi utilizado o software Hec-Ras (Hydrologic Engineering Center’s River Analysis System). Já na análise da extensão de áreas inundáveis foram adotados dois modelos digitais de terreno (DTM), com diferentes resoluções espaciais. Os melhores resultados foram obtidos com as simulações de resolução espacial de 5m, que mostraram os mapas de inundação com maior cobertura dos pontos alagados.
“A nossa ideia foi criar uma metodologia de suporte para os tomadores de decisão. Simulamos como será a mudança do solo nos próximos anos e também o que isso impacta na rede de escoamento fluvial. A partir daí, é possível fazer simulações com cenários. Um exemplo é cruzar os milímetros de chuva em um determinado intervalo de tempo para projetar o que pode ocasionar em uma área do município. Com isso, os gestores poderiam tomar decisões visando evitar danos tanto econômicos quanto de vidas perdidas”, disse o pesquisador Elton Vicente Escobar Silva.
Ligado com a capital e com os vizinhos Santo André e São Bernardo do Campo, o município de São Caetano do Sul tem um histórico de inundações – foram 29 ocorrências entre 2000 e 2022, segundo os pesquisadores. Por outro lado, é a cidade mais sustentável entre as 5.570 do Brasil, segundo o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC).
A metodologia desenvolvida para saber o maior risco de inundação pode vir a ser usada por outros municípios na construção de políticas públicas e na tomada de decisões para enfrentar os impactos desses fenômenos, podendo evitar, além da destruição de edificações e de infraestrutura, a morte de moradores. Além disso, tem baixo custo.
Para a pesquisadora Claudia Almeida, um diferencial do estudo é, além de aliar modelagem hidrodinâmica para área urbana à complexidade da rede de drenagem subterrânea pluvial, usar dados reais para parametrizar e validar o modelo. “Conjugamos imagens de altíssima resolução espacial e deep learning [aprendizado profundo].