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Pix alimentação: Proposta do governo empolga brasileiros

A proposta do chamado "Pix alimentação" surgiu como uma atualização necessária ao antigo sistema de cartões de benefício.

A ideia parecia moderna, prática e alinhada com o momento digital vivido no Brasil. Bastava um clique, e o valor da alimentação cairia direto na conta do trabalhador, via Pix. A proposta do chamado “Pix alimentação” surgiu como uma atualização necessária ao antigo sistema de cartões de benefício.

Muitos brasileiros se animaram com a novidade. A possibilidade de eliminar taxas e burocracias fez a proposta ganhar popularidade. Porém, a expectativa se transformou em frustração. Sem aviso, o governo recuou e a medida foi oficialmente descartada, deixando trabalhadores e empresas em dúvida sobre o futuro do benefício.

Pix alimentação: Proposta do governo empolga brasileiros

A proposta do Pix alimentação previa uma reformulação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). O objetivo era claro: substituir os tradicionais cartões de vale-refeição e vale-alimentação por depósitos diretos nas contas dos trabalhadores, via Pix. Essa mudança prometia eliminar intermediários e custos extras.

Atualmente, operadoras como Alelo, Sodexo, Ticket e VR administram os benefícios e cobram taxas que variam de 3,5% a mais de 5%. Esses valores recaem sobre os estabelecimentos comerciais e acabam afetando o poder de compra dos trabalhadores. O Pix alimentação surgia como uma alternativa mais justa e eficiente.

Por que o governo desistiu da proposta?

Mesmo com apoio técnico dentro da equipe econômica, a proposta encontrou forte resistência dentro do próprio governo. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, foi um dos principais opositores. Ele alegou que o Pix alimentação poderia ser usado de forma indevida, como no pagamento de dívidas ou jogos de azar, fugindo da finalidade original do benefício.

Esse argumento pesou na decisão final. A proposta foi abandonada oficialmente. No lugar do Pix, o governo optou por ajustes mais conservadores no sistema atual. Entre eles, a redução do prazo para repasse dos valores aos lojistas e a definição de um teto para as taxas cobradas pelas operadoras.

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Pix alimentação: Proposta do governo empolga brasileiros – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

As mudanças que ainda devem ocorrer

Apesar da desistência do Pix alimentação, o governo continua buscando formas de modernizar o PAT. As principais alterações em estudo incluem a diminuição do prazo de repasse aos comerciantes, que pode cair de 30 dias para apenas 2 dias. Isso facilitaria o fluxo de caixa dos estabelecimentos.

Outra mudança importante envolve a cobrança das taxas, conhecidas como MDR (Merchant Discount Rate). A ideia é estabelecer um limite entre 3% e 4% para essas tarifas, garantindo que menos dinheiro fique com as operadoras e mais com os comerciantes e trabalhadores.

Pressão do setor e o impacto da inflação

A proposta de modernização do PAT ganhou força em um momento delicado. A inflação dos alimentos acumula alta de 5,48% em 2025, segundo dados oficiais. Isso compromete ainda mais o orçamento das famílias e reforça a necessidade de uma solução eficaz para os benefícios de alimentação.

Empresários do varejo chegaram a sugerir que o benefício fosse pago diretamente na conta-salário dos trabalhadores. Essa proposta poderia representar uma economia bilionária ao setor. No entanto, as operadoras de benefícios pressionaram contra a mudança, temendo perder mercado e receita.

A batalha entre praticidade e controle

A grande questão que o governo enfrenta é o equilíbrio entre praticidade e controle. O Pix alimentação traria simplicidade e agilidade para o trabalhador. Mas, ao mesmo tempo, abriria brechas para o uso do benefício fora do propósito alimentar. Esse dilema foi decisivo para o recuo.

Além disso, o atual sistema de cartões é defendido por empresas consolidadas no setor. Qualquer mudança afeta interesses econômicos relevantes, o que torna a reforma do PAT um terreno político sensível. A decisão final, embora desapontadora para muitos, tentou evitar conflitos maiores.

O Pix alimentação poderia representar uma revolução na forma como os brasileiros recebem seus benefícios. A proposta tinha pontos positivos claros: menos burocracia, mais economia e mais liberdade para o trabalhador. No entanto, o risco de desvio de finalidade e a resistência política pesaram mais.

A decisão de abandonar a ideia mostra os desafios enfrentados por qualquer tentativa de modernização que mexa com estruturas consolidadas. Mesmo assim, as discussões continuam. O governo promete um novo decreto com regras atualizadas para o PAT, buscando melhorar o sistema sem abrir mão do controle.

Para os trabalhadores, resta acompanhar os próximos passos. O Pix alimentação pode ter sido descartado por enquanto, mas o desejo por um sistema mais justo e eficiente segue vivo. E o debate ainda está longe de terminar.

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Foto de Evelin Leone
Evelin Leone Sou redatora do Informe Brasil, com foco em temas de cidadania, economia e programas sociais. Sou apaixonada por informação clara e útil, busco sempre traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis para todos.