Inflação desacelera para todas as faixas de renda em março, mas as famílias de menor renda foram as que mais se beneficiaram, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A inflação para as famílias de renda muito baixa foi de 0,53%, enquanto a maior taxa ficou com as famílias de renda média-alta, com 0,81%.
Na divisão por categorias de renda, o IPCA fechou março da seguinte forma:
Faixa | Índice em março |
Renda muito baixa | 0,53% |
Renda baixa | 0,65% |
Renda média-baixa | 0,76% |
Renda média | 0,80% |
Renda média-alta | 0,81% |
Renda alta | 0,69% |
IPCA total | 0,71% |
Fonte: Ipea
Comparação da inflação:
Comparando com março de 2022, todas as classes sociais tiveram uma forte desaceleração, mas as famílias de menor poder aquisitivo tiveram a maior redução, principalmente devido à queda nos preços dos alimentos em domicílio. Com exceção dos segmentos de pescados e aves e ovos, todos os outros alimentos registraram variações de preços menores em março de 2023 em relação a março de 2022.
No acumulado em 12 meses terminados em março, as famílias de renda alta tiveram a inflação mais elevada (6,44%), enquanto a menor inflação foi registrada no segmento de renda média-baixa (4,38%). Entre as famílias de renda muito baixa, o indicador atingiu 4,60%.
O grupo de transportes pressionou a inflação para todas as faixas de renda, influenciado pelas altas de 8,3% da gasolina e de 3,2% do etanol. No entanto, as famílias de maior renda sentiram menos o impacto, devido às quedas de 5,3% das passagens aéreas e de 1,6% do seguro veicular.
Outros dois grupos também pressionaram a inflação em março, mas em menor intensidade. Na habitação, a alta de 2,3% nas tarifas de energia elétrica impactou principalmente as famílias de menor renda. No grupo saúde e cuidados pessoais, as famílias de menor poder aquisitivo sentiram a alta de 0,72% nos produtos de higiene pessoal, enquanto as de renda maior foram influenciadas pela alta de 1,2% nos planos de saúde.
O segmento de renda mais elevada foi influenciado pelo grupo despesas pessoais, principalmente pelos reajustes de 0,32% dos serviços pessoais e de 0,55% dos serviços de recreação em março.
O índice oficial de inflação, o IPCA, fechou março em 0,71%, inferior à taxa de fevereiro (0,84%). Em 12 meses, o indicador acumula 4,65%, abaixo de 5% pela primeira vez em dois anos. A desaceleração da inflação em março traz alívio para as famílias de menor poder aquisitivo, que são as mais impactadas pelo aumento dos preços. No entanto, é importante lembrar que a inflação ainda está acima da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.