Exercícios físicos agem contra a inflamação crônica e doença cardiovascular

Provavelmente o benefício mais conhecido da prática regular de atividades físicas é a contribuição com o emagrecimento ou a manutenção de um peso saudável, uma vez que os exercícios maximizam a quantidade de calorias queimadas pelo corpo.

Entretanto, essas não são as únicas vantagens que as atividades físicas proporcionam: elas também estão associadas à diminuição do risco do desenvolvimento de alguns tipos de câncer, à contribuição com o controle dos níveis de açúcar no sangue e de insulina, ao fortalecimento dos ossos e músculos, à redução do risco de quedas, ao aumento das chances de viver mais e à melhoria do humor, da saúde mental, do sono e da vida sexual. A propósito, veja quais são os tipos de exercícios que podem melhorar sua vida sexual.

Além disso, a prática frequente de exercícios físicos também é conhecida por beneficiar a saúde do sistema cardiovascular, através da diminuição de fatores de risco como o colesterol elevado e a pressão alta.

Mas qual seria o mecanismo pelo qual os exercícios contribuem neste sentido com o organismo? Bem, pesquisadores alocados no Massachusetts General Hospital (Hospital Geral de Massachusetts, tradução livre) identificaram uma via biológica, ainda não conhecida, que promove a inflamação crônica.

E é bem essa descoberta que pode explicar os motivos pelos quais as pessoas que seguem um estilo de vida sedentário apresentam riscos mais elevados de desenvolver doenças no coração e acidente vascular cerebral (AVC).

Inflamação aguda x Inflamação crônica

Antes de seguirmos em frente, é necessário ficarmos mais familiarizados com o que é a inflamação e fazer uma diferenciacação entre a inflamação aguda e a inflamação crônica.

Pois bem, a inflamação é uma resposta natural do organismo humano, em uma tentativa de curar a si mesmo. É o processo do corpo para combater alguma coisa que possa prejudicá-lo como infecções, lesões e toxinas.

Quando algo provoca danos às células do organismo, o corpo libera substâncias químicas que disparam uma resposta do sistema imunológico. Por sua vez, essa resposta do sistema imunológico envolve a liberação de anticorpos e proteínas, além de aumentar o fluxo sanguíneo à área danificada. Todo esse processo dura algumas horas ou dias e caracteriza à inflamação aguda.

E então, como os exercícios auxiliam em relação à saúde cardiovascular e à inflamação crônica?

O professor de radiologia do Centro de Biologia Sistêmica do Massachusetts General Hospital Matthew Nahrendorf e sua equipe queriam entender melhor o papel da inflamação crônica, que colabora com a formação de placas ou bloqueios que obstruem as artérias.

Eles avaliaram como os exercícios físicos afetam a atividade da medula óssea, especificamente as chamadas células-tronco progenitoras hematopoiéticas (CTPHs), que podem se transformar em qualquer tipo de célula sanguínea, como os leucócitos, que promovem inflamação, defendem o organismo contra infecções e eliminam corpos estranhos.

O professor do Massachusetts General Hospital explicou que quando essas células se tornam excessivamente zelosas com o seu trabalho, elas desencadeiam a inflamação em locais onde não deveriam.

Para fazer essa análise, os pesquisadores separaram ratinhos de laboratório em dois grupos. O primeiro grupo ficou preso em gaiolas com esteiras e alguns deles correram aproximadamente 9,6 km por noite. Já o segundo grupo foi confinado em gaiolas sem esteiras.

Passadas seis semanas, os cientistas perceberam que a atividade de CTPH dos ratinhos corredores tinha sido expressivamente diminuída e que eles apresentavam níveis mais reduzidos de leucócitos inflamatórios, em comparação aos ratinhos da gaiola sem esteira.

Nahrendorf explicou que o exercício fez com que os ratos que correram produzissem um teor mais baixo de leptina, um hormônio produzido no tecido adiposo, que auxilia a controlar o apetite, sinaliza aos CTPHs para que se tornem mais ativos e aumenta a produção de leucócitos.

Em dois estudos de grande porte, já havia sido apontado que níveis elevados de leptina e leucócitos em pessoas sedentárias diagnosticadas com doença cardiovascular estava associado à inflamação crônica.

A pesquisa de Nahrendorf e sua equipe observou ainda que a diminuição dos níveis de leucócitos trazida pela prática dos exercícios físicos não fez com que os ratinhos corredores se tornassem mais vulneráveis às infecções.

Para o professor de radiologia, a expectativa é que a pesquisa dê origem a novas abordagens em relação à doença cardiovascular, a partir de um ângulo totalmente novo. Acredita-se ainda que as descobertas do estudo de Nahrendorf e sua equipe reforçam a importância da prática frequente de atividades físicas.

Para a PhD em biologia molecular Michelle Olive, que atua na Divisão de Ciências Cardiovasculares do Instituto Nacional do Coração, Pulmões e Sangue dos Estados Unidos, a pesquisa demonstra uma nova conexão molecular entre os exercícios e a inflamação que ocorre na medula óssea e ressalta um papel anteriormente não reconhecido do hormônio leptina na proteção cardiovascular intermediada pela prática de atividades físicas.

Olive também acredita que o experimento contribui com a demonstração de como os estilos de vida sedentários interferem em relação à saúde cardiovascular e salienta a importância de obedecer às diretrizes da prática de exercícios físicos.

Embora a pesquisa tenha sido conduzida em ratinhos – e não em seres humanos – os seus apontamentos servem como mais uma motivação acerca da necessidade de se esforçar e se dedicar à prática frequente de atividades físicas.

Para quem segue um estilo de vida sedentário, especialmente se isso ocorrer há um bom tempo, já passou da hora de começar a ser mais ativo e algo que pode ajudar bastante neste sentido são as dicas para começar um programa de exercícios.

Por Mundo Boa Forma