Dieta militar que promete eliminar cinco quilos em três dias é boa?

Publicado por
Jerffeson Brandao

Para quem vive na luta contra a balança, ouvir falar de uma dieta que promete eliminar cinco quilos em três dias pode soar como a solução dos seus problemas. Mas será que essa não é uma daquelas situações em que uma promessa parece ser boa demais para ser verdade?

É justamente por isso que antes de tomar a decisão de entrar na dieta militar é necessário conhecer do que se trata o método, saber se ele realmente pode ser eficiente e conferir se o programa alimentar não pode prejudicar a saúde de alguma maneira.

Já fizemos um post específico sobre a dieta militar anteriormente, mas vale a pena falarmos mais sobre ela abaixo antes de analisar se ela funciona. Fora isso, sabia que existe também uma atividade física chamada rucking, uma prática de origem militar que pode ser a saída para perda de peso?

O que é a dieta militar?

Trata-se de uma dieta oriunda dos Estados Unidos, com cardápio fixo, composto somente por três refeições diárias, que deve ser seguida ao longo de três dias consecutivos. Os clássicos lanchinhos que costumam ser feitos entre uma refeição e outra não têm vez no programa alimentar.

O cardápio da dieta militar traz um consumo diário de aproximadamente 1.100 a 1.200 calorias e é dividido da seguinte maneira:

Primeiro dia

  • Café da manhã: uma torrada multigrãos com duas colheres de sopa de manteiga de amendoim sem açúcar, 1/2 laranja ou 1/2 toranja e café preto ou chá verde sem açúcar;
  • Almoço: uma torrada multigrãos com 1/2 xícara de atum em água e sal e água ou chá verde;
  • Jantar: 85 gramas da carne da preferência (vermelha, frango, peixe, entre outros), 1/2 xícara de vagem, uma maçã pequena, 1/2 banana e 1/2 xícara de sorvete.

Segundo dia

  • Café da manhã: uma fatia de pão integral ou torrada integral, um ovo inteiro cozido (caso opte por fazer ovo mexido, não poderá adicionar gordura) e 1/2 banana;
  • Almoço: 1 xícara de queijo cottage ou uma fatia de queijo cheddar, um ovo cozido e cinco bolachas salgadas tipo cream cracker;
  • Jantar: dois cachorros-quentes sem pão (grelhar ou assar a salsicha no forno), 1/2 xícara de cenoura cozida, uma xícara de brócolis cozido, 1/2 banana e 1/2 xícara de sorvete de baunilha.

Terceiro dia

  • Café da manhã: cinco bolachas salgadas tipo cream cracker, uma fatia de cheddar ou queijo cottage e uma maçã pequena;
  • Almoço: uma torrada com um ovo cozido – o ovo cozido pode ser substituído por um copo de leite ou dois pedaços de bacon;
  • Jantar: uma xícara de atum em água e sal, 1/2 banana e 1/2 xícara de sorvete de baunilha.

Análise: O método é eficiente? E será que ele pode ser considerado saudável?

Ao dar uma primeira olhada no cardápio da dieta, já dá para perceber que não se trata de um método muito saudável ou equilibrado, não é mesmo? Também fica evidente que a dieta militar não foi elaborada por um nutricionista ou por um profissional da área da saúde, tendo em vista a presença de comidas famosas por não serem muito saudáveis sorvete, bacon e salsicha.

Com isso, fica fácil concluir que ela atrapalha o fornecimento adequado e suficiente de nutrientes ao organismo, trazendo o risco de alguma de deficiência nutricional e de outros problemas de saúde associados à falta de nutrientes, especialmente se o padrão de alimentação anterior ao início da dieta militar já não era tão saudável e nutritivo assim.

A presença de alimentos processados no cardápio do método é outro aspecto preocupante porque esses produtos apresentam quantidades mais elevadas de sódio e gorduras trans, além de serem mais inflamatórios. Como se não bastasse, um estudo indicou que alimentos processados levam ao vício por comida, algo que pode ter como resultado uma relação de compulsão com a comida, prejudicando não somente a boa forma, como também a saúde.

No entanto, a dieta militar pode ajudar a emagrecer?

Até pode, afinal para perder peso é preciso gastar uma quantidade de calorias mais elevada do que o teor calórico consumido.

Entretanto, essa diminuição do peso poderá ocorrer na forma de líquido ou massa magra, o que traz a falsa impressão de emagrecimento e não é desejável ou saudável – o ideal é perder peso na forma de gordura.

Como se não bastasse, quando a pessoa retornar a consumir a dieta normal de antes, vai recuperar o peso (conhecido como efeito sanfona) ou ganhar até mais peso do que tinha antes, originando assim um problema ainda mais grave.

Isso sem contar que a dieta militar propõe uma restrição calórica bastante expressiva, se levarmos em conta que uma pessoa normalmente ingere entre 2.000 a 2.500 calorias diariamente. Embora isso varie de pessoa para pessoa, de acordo com fatores como sexo, idade, nível de atividade física e certas condições de saúde, para algumas pessoas pode ser possível emagrecer sem precisar restringir tantas calorias.

Ou seja, o que temos aqui é uma dieta hipocalórica que não passa muito perto de ser saudável. Até dá para melhorar o perfil nutricional do método ao fazer algumas mudanças: trocar o cachorro-quente pelo peito de frango grelhado, substituir o sorvete por leite ou iogurte ou eliminar o bacon do cardápio, por exemplo.

Entretanto, não é só isso que vai garantir que a dieta seja saudável, adequada e eficiente para você, tendo em vista as particularidades e necessidades do seu organismo. Portanto, se você necessita e/ou deseja emagrecer, antes de escolher uma dieta hipocalórica como a dieta militar ou qualquer outro tipo de programa alimentar, procure o auxílio de um nutricionista.

O profissional é o mais indicado para analisar os seus objetivos e particularidades, assim como o estado e as necessidades do seu organismo e recomendar um programa alimentar que contribua para que você alcance essas metas, ao mesmo tempo em que fornece os nutrientes e a energia que o seu organismo exige para funcionar apropriadamente.

Melhor do que ver a barriguinha enxugar rapidamente é que isso aconteça de maneira saudável e duradoura!

Fonte: Mundo Boa Forma