Desemprego cresce 33% em 5 meses de pandemia, diz IBGE.
Os brasileiros estão retornando à busca por oportunidade de trabalho, mas não estão encontrando. É o que indicam dados da Pnad Covid de setembro, divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde maio, início da pesquisa, o número de desempregados cresceu 30,6%, atingindo 13,5 milhões no último mês. São mais 3,4 milhões no grupo de desocupados em cinco meses.
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No mês passado, a taxa de desemprego subiu para 14%, no maior patamar desde maio. Em agosto, estava em 13,6%. A alta do desemprego era projetada por economistas, diante da flexibilização dos protocolos de distanciamento social por conta da pandemia de Covid-19 e diminuição do impacto do auxílio emergencial.
Há uma relação inversa entre taxa de desocupação e taxa de isolamento social. Ou seja, à medida que o indicador de distanciamento cai, o desemprego sobe. Mais de 400 mil pessoas fentraram nas estatísticas de desemprego em apenas um mês.
O problema é que as pessoas estão procurando emprego, mas não estão encontrando. Ou seja, a busca por emprego cresce em ritmo superior ao número de pessoas empregadas, levando ao aumento da taxa de desocupação.
Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado apenas quem efetivamente procura emprego e não acha. Por isso, muitas das pessoas que hoje buscam emprego foram demitidas na pandemia e somente agora retomam, seja por maior confiança na economia, controle da curva epidemiológica ou fim de medidas emergenciais.
Entre maio e julho, segundo a Pnad Covid, mais de 2,9 milhões de pessoas perderam o emprego. Na avaliação dos pesquisadores Maria Andreia Parente Lameiras e Marco Cavalcanti, ambos do Ipea, o desemprego deverá continuar crescendo nos próximos meses.
Eles lembram que o número de pessoas não ocupadas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho permanece elevado: 26,1 milhões na média de setembro. Esse número vem caindo, foi de 28,3 milhões em julho e 27,2 milhões em agosto, mas a queda tem sido lenta.
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Há ainda, segundo os pesquisadores, um elevado percentual de pessoas que não procuraram trabalho possivelmente por conta da pandemia (61,3%), indicando que, apesar da diminoção gradual, os efeitos diretos da pandemia no mercado de trabalho ainda são relevantes.
“Na medida em que a evolução da pandemia permita a continuidade dos processos de flexibilização das restrições às atividades socioeconômicas e de recuperação do nível de atividade, e tendo em vista também a redução do valor do auxílio emergencial nos próximos meses, espera-se que o nível de participação na força de trabalho aumente até o final do ano”, ressaltam os pesquisadores.
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Eles complementam:
“O nível de ocupação também deverá aumentar, mas é razoável esperar que, conforme ocorrido até agora, não em um ritmo forte o suficiente para impedir que a taxa de desocupação continue a elevar-se”.
Especialistas projetam que o pico de desemprego ocorra em meados em 2021, quando as medidas emergenciais forem completamente interrompidos. Analistas da Genial Investimentos estimam que o ano terminará com desemprego ao redor de 15%.
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Fonte: iG