Os camarões são os protagonistas de muitas receitas de verão, sendo um dos produtos da pesca mais apreciados internacionalmente. No entanto, o seu consumo pode mascarar hábitos alimentares errôneos, como a ingestão da cabeça do camarão ou o uso desta para preparar caldos ou bisque.
O que muitos consideram a parte mais saborosa do camarão deve, de fato, ser evitada. Entenda o porquê.
As cabeças de camarão contêm uma alta concentração de cádmio, um metal tóxico para o corpo humano, que tende a se acumular na chamada “carne escura” dos crustáceos, especialmente no hepatopâncreas. Este é o órgão do sistema digestivo encontrado na cabeça do camarão.
A Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutricional (AESAN) alertou para os riscos do cádmio para a saúde, indicando que devemos evitar o consumo de partes escuras dos mariscos. O cádmio é classificado como cancerígeno humano e apresenta inúmeros efeitos tóxicos devido à exposição prolongada. Este elemento pode provocar disfunções renais, desmineralização óssea e se acumular no fígado e nos rins, com uma meia-vida de 10 a 30 anos.
Além do potencial carcinogênico indicado em 1993 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), o Comitê Científico de Alimentos da Comissão Europeia (SCF) observou a forte influência da dieta na exposição geral ao cádmio.
Os níveis máximos toleráveis por semana (TSI), estabelecidos pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), são de 2,5 microgramas de cádmio por quilo de peso corporal. Isso corresponde à quantidade máxima que uma pessoa pode ingerir por semana sem apresentar riscos para a saúde. Por exemplo, no caso de uma pessoa que pesa 70 kg, o limite máximo de cádmio é de 0,175 miligramas por semana.
Segundo a agência espanhola, a “carne branca” das caudas de camarão consumidas na UE contém em média 0,08 miligramas de cádmio por quilo. Uma pessoa de 70 kg poderia, portanto, consumir cerca de dois quilos de camarão por semana, sem considerar outras fontes de cádmio.
Por outro lado, a concentração de cádmio presente nas “carnes escuras” é bem diferente. Nas cabeças de camarão, é quase quatro vezes maior, chegando a ser 30 vezes maior nas de caranguejo.
Portanto, a AESAN recomenda limitar ao máximo o consumo das cabeças de camarão. Assim, uma ingestão moderada evita uma exposição inaceitável ao cádmio para o organismo. É necessário evitar o hábito de consumir a cabeça do camarão ou usar esta parte do crustáceo para preparar molhos, caldos ou bisque, mesmo que a concentração desse elemento no caldo seja significativamente menor devido à diluição.